terça-feira, 5 de outubro de 2010





Samba, agoniza mas não morre!



O DCE Mário Prata convida, através deste manifesto, todos os defensores do tradicional Samba do DCE da Praia Vermelha – instituições ou indivíduos – a aderirem à campanha “Samba, agoniza mas não morre!”, em defesa deste tradicional evento cultural, conquista histórica dos estudantes.

O Samba do DCE não é orientado pelo lucro: é de graça. Promove lazer e integra a comunidade acadêmica – professores, alunos e funcionários – e a sociedade, independente do poder aquisitivo. Essa é a orientação do Samba: prover cultura de forma democrática, valorizando nossa cultura e nossa história, abrindo espaço para músicos iniciantes e artistas consagrados mostrem seus talentos. Entre os grandes nomes da música popular brasileira que já passaram por ele estão Luiz Carlos da Vila, Noca da Portela, Walter Alfaiate, Luiz Grande, Marquinhos PQD, Wanderley Monteiro, Alceu Maia, Galotti, Pedrinho da Flor, Zé Roberto, Toninho Geraes, Beth Carvalho e Nelson Sargento, cuja música “Agoniza mas não morre” dá nome à nossa campanha.

O presente manifesto tem por objetivo defender essa conquista do movimento estudantil. As pessoas e instituições que o assinam entendem que o Samba do DCE deve continuar acontecendo, independente do fato de haver (ou não) transferência para o fundão ou de a cerveja ser vendida ou não no campus.

Assinam este manifesto o Diretório Central dos Estudante Mário Prata (DCE-UFRJ), o Diretório Central dos Estudantes da Rural (DCE-UFRRJ), os Centros Acadêmicos de Economia (CASA), Comunicação (CAECO), Serviço Social (CASS), Pedagogia (CAPed), Relações Internacionais (CASUAL), Administração (CADM) e Ciências Contábeis (CACONT), e a Assembléia Nacional Estudantil - Livre (ANEL).


Nelson Sargento canta no Samba do DCE de reinauguração da sede, em 2009

sábado, 18 de setembro de 2010

CINECLUBE NO DCE: RACISMO - DO SUBJETIVO AO CONCRETO

Olhos Azuis (21 e 22/09)

Documentário que retrata a experiência desenvolvida pela professora Jane Eliott, da 3ªsérie de uma escola em Iowa, em que a cada dia uma característica física diferente é escolhida para inferiorizar aqueles que a possuem. Com intuito de fazer com que seus estudantes sentissem na pele o que é ser discriminado, Eliott realizou esse exercício e foi ameaçada de morte várias vezes.
DEBATE COM O PROF. MARCELO PAIXÃO, NO DIA 21/09, APÓS O FILME


Hotel Ruanda (28 e 29/09)

Paul Rusesabagina é gerente de um hotel de luxo em um país onde um violento conflito étnico está prestes a estourar. Quando este conflito se inicia e os tutsis são perseguidos, muitos fogem para o hotel gerenciado por Rusesabagina. Baseado em uma história real, Hotel Ruanda retrata o genocídio étnico ocorrido em Ruanda, em 1994, e o descaso da comunidade internacional para com o massacre.



Retalhos de uma Pesquisa Sobre o Racismo e o Negro no Brasil (05 e 06/10)

Ainda em processo de construção, este trabalho recolhe entrevistas, filmagens diversas e um recorte do documentário “O Povo Brasileiro”, que pretendem discutir o Racismo e a posição social predominante do negro e do branco no Brasil. A idéia da exibição desses fragmentos é compartilhar algumas opiniões dos entrevistados e promover um debate mais profundo sobre o assunto.

CINECLUBE NO DCE

O CINECLUBE NO DCE é um projeto sócio-político-cultural empenhado no desafio de contribuir para o processo de desenvolvimento humano de seus frequentadores, através da exibição de filmes sobre diversos assuntos e de uma conversa acerca as impressões de cada um.

O projeto acredita que as possibilidades de (re)construção de valores e ideias é muito maior dentro de um ambiente coletivo.
Convidamos a todos a participar do nosso Cineclube, sugerindo filmes e assuntos a serem abordados e comparecendo nas exibições e nos debates!

LOCAL:
Av. Pasteur, 250, Urca. 2ºAndar da Sede do DCE (Praia vermelha).

DATAS:
TERÇAS, às 17:00
QUARTAS, às 18:30

domingo, 22 de agosto de 2010





Samba, agoniza mas não morre!



O DCE Mário Prata convida, através deste manifesto, todos os defensores do tradicional Samba do DCE da Praia Vermelha – instituições ou indivíduos – a aderirem à campanha “Samba, agoniza mas não morre!”, em defesa deste tradicional evento cultural, conquista histórica dos estudantes.

O Samba do DCE não é orientado pelo lucro: é de graça. Promove lazer e integra a comunidade acadêmica – professores, alunos e funcionários – e a sociedade, independente do poder aquisitivo. Essa é a orientação do Samba: prover cultura de forma democrática, valorizando nossa cultura e nossa história, abrindo espaço para músicos iniciantes e artistas consagrados mostrem seus talentos. Entre os grandes nomes da música popular brasileira que já passaram por ele estão Luiz Carlos da Vila, Noca da Portela, Walter Alfaiate, Luiz Grande, Marquinhos PQD, Wanderley Monteiro, Alceu Maia, Galotti, Pedrinho da Flor, Zé Roberto, Toninho Geraes, Beth Carvalho e Nelson Sargento, cuja música “Agoniza mas não morre” dá nome à nossa campanha.

O presente manifesto tem por objetivo defender essa conquista do movimento estudantil. As pessoas e instituições que o assinam entendem que o Samba do DCE deve continuar acontecendo, independente do fato de haver (ou não) transferência para o fundão ou de a cerveja ser vendida ou não no campus.

Assinam este manifesto o Diretório Central dos Estudante Mário Prata (DCE-UFRJ), o Diretório Central dos Estudantes da Rural (DCE-UFRRJ), os Centros Acadêmicos de Economia (CASA), Comunicação (CAECO), Serviço Social (CASS), Pedagogia (CAPed), Relações Internacionais (CASUAL), Administração (CADM) e Ciências Contábeis (CACONT), e a Assembléia Nacional Estudantil - Livre (ANEL).


Nelson Sargento canta no Samba do DCE de reinauguração da sede, em 2009

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Essa sexta 20/08 tem também ocupação cultural no IFCS!

A primeira sexta de aula (20/08) tem cultura na UFRJ inteira! Lá na FND vai rolar o tradicional Órfãos do Manel... Compareça!



sábado, 14 de agosto de 2010

Essa semana tem Samba do DCE (quinta, 19/08) e Juquinhada (sexta, 20/08) na Praia Vermelha!





domingo, 11 de julho de 2010

era uma sala muito engraçada
caía o teto, não tinha água
ninguém podia estudar nela não
sem professor, é escolão
ninguém podia nem reclamar
democracia não tinha lá
e o Aloísio, nosso reitor
trata a gente com muito amor
mas era feita quase sem verba
reitor e lula: leilão na certa!


A paródia acima (de “A Casa” de Vinícius de Moraes) foi feita por um grupo de estudantes no trajeto Praia Vermelha-Fundão, sendo, no mesmo dia, cantada por cerca de cem alunos de diversos cursos na sessão do CONSUNI do dia 29/10/2009, junto com os parabéns para os dois anos da conturbada aprovação do REUNI na UFRJ (ocorrida dia 18/10/2007).

quarta-feira, 7 de julho de 2010

domingo, 13 de junho de 2010

No dia dez de junho de 2010, 50 Anos depois de ser palco do primeiro festival de Bossa Nova, a "Noite do Amor, do Sorriso e da Flor", o Teatro de Arena recebe o evento Noel 100 - Homenagem ao centenário de nascimento de Noel Rosa.

O evento, organizado pelos Centros Acadêos de Economia (CASA), de Comunicação (CAECO) e pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE-UFRJ), marca a retomada do Teatro de Arena como espaço cultural do movimento estudantil. O espaço que recentemente teve seu uso extremamente restrito foi palco de um belíssimo evento onde professores, funcionários, alunos e pessoas de fora da UFRJ se integraram de forma prazerosa por intermédio da cultura.

O caráter político de retomada dos espaços da Universidade do Brasil pelos seus estudantes e a tentativa de reconstrução de um politica cultural digna da história do campus da Praia Vermelha sempre foram objetivos no planejamento do evento, objetivo esse simbolizado pela BALA JUQUINHA que adocicou a noite.




Outro ponto fundamental do evento e que marca a Política Cultural contruida pelos Centros Acadêmicos da Praia Vermelha em conjunto com o DCE é a oportunidade para jovens músicos - com ênfase nos estudantes universitários - exporem seu talento, tendo em vista a dificuldade que novas bandas tem para conquistar seu espaço em um contexto onde a lógica do mercado predomina sobre a cultura. Essa lógica - que em nossa Política Cultural não tem vez - tem que ser desconstruída no Canecão, que pertence à UFRJ. Este deve ser destinado a eventos como esse, oportunidade para novos músicos, lazer acessível a todos, e que valoriza nossa cultura, simbolizada na figura do gênio Noel Rosa.



A banda Zerinho ou Um, formada pelos estudantes da UFRJ de biologia Camilo (flauta transversa), Renato (pandeiro) e Felipe (voz e alfaia), de música, Cadu (violão) e de música da Unirio, Clara (voz) e Leandro (cavaquinho), deu um show memorável, a despeito do equipamento de som, longe de ser o ideal.



A banda tocou as músicas mais famosas de Noel, algumas desconhecidas, sua controvésia com Wilson Batista (cada um dos vocalistas representava um dos sambistas, as músicas foram cantadas em sequência, uma em resposta à outra), e outros tipos de música brasileira, como chorinho e baião.



Construiram ou contribuiram de alguma forma para o evento*: Agnaldo (CCJE), Alcino (CCJE), André (xerox), Artur, Cadu (música), Camilo (biologia), Carlos (economia), Carol (comunicação), Clara (música/UNIRIO), Felipe (biologia), Felipe Amorim “Vidal” (economia), Flávia (secretária da diretoria do IE), Gabriel Zelesko (economia), Galeno (economia), Guilherme (xerox), Heloísa (economia), Hugo (economia), Igor (economia), Ítalo (economia), Julia (economia), Kenzo (comunicação), João Sérgio “Poste” (economia), Leandro (música/UNIRIO), Leonardo (economia), Luciano (economia), Mário (ciências sociais), Maurício (DCE), Murilo (DCE), Pedro Bossardi (economia), Pedro (direito), Pedro “Pepê” (economia), Raul (economia) e Zacharias (economia).


*Com exceção de dois dos músicos, da UNIRIO, todos são da UFRJ.


segunda-feira, 7 de junho de 2010

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Manifesto do palco sem teatro

Olá, meu nome é Teatro de Arena Carvalho Netto. Sou um palco onde não se pode fazer teatro. Essas e outras contradições me fizeram romper o silêncio...

Vamos começar do começo... Eu nasci na metade do século XIX como uma guarita de onde se vigiava os loucos do Hospício Pedro II.



Este hospício passaria a se chamar Hospício Nacional dos Alienados a partir de 1890, nome que perduraria até meados do século XX.



Esses corredores testemunharam muitas loucuras...



Por aqui passaram personagens ilustres como João Cândido Felisberto, o "Almirante Negro", líder da Revolta da Chibata, que ficou maluco ao ver seus companheiros serem mortos na Ilha das Cobras.



Eram bons tempos aqueles... A Baía de Guanabara era limpa, sair na rua não era tão perigoso e as crianças respeitavam os mais velhos...



Saudosismo à parte... Em 1944 o prédio do Hospício Nacional passaria para a Universidade do Brasil... E eu fui transformado no Teatro de Arena, e assim sou conhecido desde então. A partir daí testemunhei acontecimentos importantíssimos, na área da cultural e da política...

Em vinte e dois de setembro de 1959 recebi Tom Jobim, Vinicius de Moraes e Nara Leão para o lançamento do disco de João Gilberto “Chega de Saudade”. No ano seguinte, mais precisamente em vinte um de maio, eles voltariam, junto com outros nomes da Bossa Nova, para a “Noite do Amor, do Sorriso e da Flor”:



Mas logo viria uma noite sem amor sorriso e nem flor, noite essa que perduraria 20 anos. Era o golpe militar... Que faria barbáries aqui na Praia Vermelha. Mas os estudantes resistiam. Em 1968 e 1969 eu fui palco de intensas discussões, assembléias e manifestações contra a ditadura, algumas duramente reprimidas.

Minha história é longa, portanto serei sucinto. E política hoje em dia é um assunto que cria muita aversão, por isso me restringirei à cultura... Vamos para 2009. Em novembro um grupo de estudantes do Centro Acadêmico Stuart Angel, da economia, tentou construir um projeto de cinema chamado “Cinema na Arena” As congregações que se dizem responsáveis por mim não autorizaram. Os jovens estudantes, cientes da minha vocação cultural, insistiram no projeto, e conseguiram autorização para a realização de uma sessão de cinema mudo, exibindo o filme de Chaplin “Luzes da Cidade” (Chaplin se encontrava sentadinho aqui no cartaz de divulgação):



Os que se diziam responsáveis por mim restringiam qualquer atividade que eventualmente pudesse vir a prejudicar as atividades acadêmicas. Cinema nem pensar... Muito barulho.

E eis que um desfile de moda quebra o silêncio por aqui. Em novembro de 2009 fui obrigado a sediar um desfile da grife “Daspu”, com som alto e coquetel de bebidas... O discurso que proibira os jovens estudantes de economia de fazer cinema rapidamente desaparecia... “Foram ordens de cima” explicou o dirigente da FACC, responsável pela não autorização do projeto de cinema.

No mês seguinte um show de Jorge Mautner, no lançamento da terceira edição da revista Versus, confirmaria que meu destino depende de quem está organizando, e não das características do evento. Um desfile de moda com som auto ou um show de samba atrapalham muito mais as atividades acadêmicas do que uma sessão de cinema. Qual é o critério para autorizarem meu uso? “Ordens de cima”?

É por isso que resolvi me manifestar! Quero ser protagonista no cenário cultural da UFRJ e com isso do Rio de Janeiro! Nesse primeiro semestre de 2010 presenciei reuniões de estudantes onde se discutiu a realização de um concurso de esquetes que terminaria em uma apresentação de teatro, e de um evento em homenagem ao centenário de nascimento de Noel Rosa, que eu poderia sediar... E eu quero sediar! Sei que tenho vocação para a cultura!

Já vi passarem por aqui muitos loucos, e hoje em dia loucura é a forma como sou administrado! Presenciei a resistência de estudantes e é a eles que destino esse manifesto. Quero voltar a ser palco de apresentações musicais e de teatro. Creio que cabe aos estudantes me ajudarem nessa luta. E para isso é preciso deixar de ser platéia e atuar. Tudo que eu mais quero é ser o palco!

sábado, 1 de maio de 2010

Dica cultural: Os EUA X John Lennon


Um beatle enfrenta o poder do Império

“Os EUA X John Lennon” mostra o lado político e militante do cantor inglês

• No início de abril chegou tardiamente às telonas do país o documentário “Os EUA X John Lennon”, produzido em 2006 e exibido na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo no ano seguinte.

O filme mostra uma faceta bem menos conhecida do então ex-líder dos Beatles: seu ativismo político na luta contra a guerra do Vietnã e em defesa dos direitos civis. Como o nome do longa sugere, o cantor desatou e teve de enfrentar a dura reação do governo norte-americano.

Mundo em efervescência
O documentário foca o período que vai de 1966 a 1976. Enquanto na Europa explodia o Maio francês, os EUA assistiam a emergência dos movimentos de luta pelos direitos civis. A guerra do Vietnã, que nunca fora popular, provocava um amplo movimento de rechaço principalmente entre a juventude norte-americana.

E em meio a tudo isso, John Lennon, que abandonava a banda que o fizera famoso, não teve dúvidas. Junto com Yoko Ono, o inglês filho da classe operária como sempre fazia questão de ressaltar, se mudou para o epicentro daquele turbilhão que passava pelas ruas dos EUA: Nova Iorque. Abraçava, assim, o ativismo político.

Enquanto seus antigos companheiros aproveitavam a fortuna que haviam acumulado nos anos de estrelato, Lennon se politizava cada vez mais. Aproximou-se de ativistas políticos como Bobby Seale, líder dos Panteras Negras. Integrou-se numa campanha pela libertação do ativista John Sinclair, preso ao oferecer dois baseados a policiais disfarçados.

O longa mostra como o beatle, extremamente consciente de sua influência e da força de sua imagem, a utilizou na luta contra a guerra e na campanha pelas liberdades democráticas no país. Arrebanhando uma legião de seguidores e oferecendo uma trilha sonora para as mobilizações, Lennon logo provocou a reação do conservador governo Nixon.

Perseguição
Com depoimentos de Yoko e intelectuais como Tariq Ali, Noam Chomski, Gore Vidal, entre outros, incluindo um ex–agente do FBI, o filme reconstrói o episódio em que Lennon enfrentou a ira do governo da maior potência do planeta.

Nixon ficava cada vez mais preocupado com a aproximação de Lennon com ativistas, e o seu crescente engajamento. “Ele por si só não era um problema, mas ao apoiar gente que queríamos colocar na cadeia, ele passou a representar um problema”, sintetiza o ex-agente do órgão de informação.

O governo logo colocou espiões do FBI no encalço do artista, tentando intimidá-lo de forma ostensiva. Assim, o governo norte-americano expunha a hipocrisia de sua tão propalada “democracia”, a mesma que diziam estar defendendo ao apoiar militarmente a monarquia ditatorial do Vietnã do Sul.

Após fazer uma devassa na vida do cantor, o governo descobriu que Lennon havia sido detido anos antes na Inglaterra por posse de drogas. Foi o pretexto para que o governo Nixon desatasse uma tentativa de deportar o casal problemático, numa batalha jurídica que se arrastou por anos.

Intercalando depoimentos atuais com imagens e entrevistas da época, o documentário mostra que a luta política de Lennon ia bem além do pacifismo hippie. Interessante notar, por exemplo, como o beatle se referia aos militantes no período como “revolucionários”.

“Os EUA X John Lennon” mostra não só a hipocrisia do governo e as intervenções militares que promovia em várias partes do mundo, e aqui a comparação com o governo Bush e até mesmo Obama são inevitáveis, mas discute também a potencialidade da arte unida à força de uma ideia, perigo que os EUA sabiam muito bem o que representava.

Ficha Técnica
Diretor: David Leaf, John Scheinfeld
Elenco: Depoimentos de: Walter Cronkite, Mario Cuomo, Angela Davis, G. Gordon Liddy, George McGovern, Yoko Ono, Geraldo Rivera
Produção: Brad Abramson, Kevin L. Beggs
Roteiro: David Leaf, John Scheinfeld
Fotografia: James Mathers
Duração: 99min
Ano: 2006
País: EUA

sábado, 3 de abril de 2010

Quando o samba perde a elegância de Walter Alfaiate

O sambista Walter Alfaiate morreu aos 79 anos de idade, no dia 27 de março, partindo quase anônimo e deixando mais de 200 sambas e um rastro de saudade

Por Rafael Nunes


• Para um bom conhecedor de samba, não era difícil reconhecer esse grande baluarte pelas rodas e shows no Rio de Janeiro. Ele ficou famoso por sua elegância e pelos sambas imortalizados em sua voz e nas gravações de outros compositores como Paulinho da Viola.

Nascido e criado em Botafogo, assim como Paulinho da Viola e diversos sambistas, numa época em que eram comuns os shows ao vivo em vários bares da cidade, Walter Alfaiate viveu a simplicidade e a musicalidade do bairro durante muito tempo freqüentando botequins, gafieiras e as rodas de samba.

“Botafogo não é mais o mesmo. Os bares viraram oficinas mecânicas. Eu costumo dizer que se ganhasse um bom dinheiro não moraria na Barra, porque é um local que não tem um boteco pra pessoa ‘bater um papo’, pedir uma cerveja, cantar um samba. E botafogo está ficando assim”, diz. “Na rua Rodrigo de Britto, tinha um bar chamado Fofoca que os sambistas frequentavam no final da noite pra bater papo e cantar. Paulinho da Viola apareceu por lá várias vezes. Também tinha o Leonel Azevedo que fazia valsa. Enfim, o pessoal tocava violão, cantava e quando percebia já tinha amanhecido”, lembrava com saudade.

Alfaiate por vocação, o que lhe rendeu o apelido dado por Sergio Cabral pai e Paulinho da Viola, aprendeu o ofício aos quatorze anos e seguiu nele para criar seus três filhos já que a profissão de músico, para ele, trazia muitas incertezas e se dizendo um apaixonado pelo ofício nunca abandonou a profissão enquanto realizava seus shows noturnos. Costurando roupas para vários artistas famosos, manteve uma alfaiataria em sua casa em Botafogo, depois quando morou na Lapa e por último em Copacabana onde residiu até a morte.

Walter de Abreu Nunes nasce em 1930 e junto com a vocação para a costura trazia toda a magnitude do samba. Autodidata, dono de uma voz lindíssima, desde a infância começou suas composições para blocos de carnaval como Foliões de Botafogo e São Clemente. No final da década de 50 já cantava no então famoso bar Bolero em Copacabana onde ficou conhecido por Walter sacode por interpretar com maestria o samba “Sacode Carola” de Hélio Nascimento e Alfredo Marques. Nos anos seguintes freqüentava assiduamente as rodas de samba do Teatro Opinião fazendo ainda parte dos grupos Reais do Samba e Samba Fofo que se destacavam. Só foi descoberto em 1970 quando Paulinho da Viola gravou três de seus grandes sucessos: “Coração Oprimido”, “A.M.O.R.Amor” e “Cuidado, Teu Orgulho Te Mata”.

“A.m.o.r amor
Aprendi soletrar, amei
Chorei sem aprender com ninguém
Quem aprende a amar, aprende a chorar também”


Teve, além de Paulinho da Viola, gravações por João Nogueira nas músicas “Bate Boca” e “Sorrir de Mim”. Elza Soares e Cristina Buarque gravaram a música “Violão amigo”.

Imprescindível e esquecido pelas gravadoras
Um talento descoberto tardiamente e que nunca foi reconhecido pelas gravadoras e as mídias, Walter Alfaiate, como boa parte dos melhores sambistas, foi um exemplo de profissionalismo, dedicação à cultura e a musicalidade popular chegando a mais de 200 sambas gravados.

Sobre a paixão pelo samba: “O samba me faz bem. Quer me ver satisfeito é numa roda de samba com cavaquinho e violão. Samba tem tudo isso: S de saúde, A de amor, M de mulher, B de bondade e A de amizade”, falava brincando.

Só conseguiu gravar seu primeiro disco quando já tinha 54 anos de samba e 68 de idade de forma independente. Com isso surge uma grande história. Walter Alfaiate demorou 30 anos para cumprir uma promessa feita aos amigos Mical e Miúdo: gravar uma música deles em seu primeiro disco. Quando conseguiu, Miúdo já havia morrido, mas Mical pode ver o CD com o nome da faixa deles. Uma belíssima música chamada “Olha aí”.

Olha aí,
Toda a minha gente reunida!
Parece que está bem decidida
e que atingiu o seu ideal!

Olha aí,
Veja a euforia, como é grande!
Note como o pessoal se expande,
Num gesto tão humilde e leal.

Cante com vontade minha gente!
Porque hoje já é carnaval!

Em cada bloco havia um estandarte
Em cada estandarte um dizer
Simbolizando que, nesses três dias,
Ninguém se lembraria,
Como é o sofrer!

Após a batucada pela rua,
Quarta-feira a vida continua!


http://www.youtube.com/watch?v=LgUlR-Czk5E

Esse primeiro disco só pode ser concretizado graças à ajuda de outro grande artista de nossa música popular. Como frequentava muitas rodas de samba, num almoço na casa de Clara Nunes conheceu Aldir Blank.

“Ele me ouviu cantando e me perguntou porque eu não gravava. Respondi que não tinha oportunidade, então ele afirmou: ‘Você vai gravar’. Eu guardei aquilo e realmente ele cumpriu sua promessa. O Aldir ficou tão inconformado por eu não gravar, que na época do jornal Pasquim publicou uma nota, que eu tenho guardado até hoje como relíquia, dizendo que não sabia porque eu não gravava, já que tinha uma voz formidável. Além do disco, participei com ele do show que comemorou os seus cinqüenta anos, no Canecão, no Rio”, contava emocionado.

O segundo e terceiro CDs de Walter Alfaiate também foram gravados de forma independente em São Paulo. O segundo disco, chamado Tributo a Mauro Duarte é uma homenagem ao amigo e grande parceiro de composições. Foi Mauro Duarte, um dos maiores compositores da Portela, que levou Alfaiate para a escola em 1982. Apaixonado definitivamente por Botafogo, outra grande homenagem ao amigo foi idealizar e realizar uma praça no bairro em seu nome. O local hoje é parte da movimentada agenda das melhores rodas de samba e choro do Rio de Janeiro.

Em 2009, depois de 65 anos dedicado ao samba, ele viu estrear o documentário Walter Alfaiate – A elegância do samba. Uma grande homenagem bem mais que merecida.

Walter Alfaiate sempre presente!
No último dia 27, um sábado de fevereiro, data em que ironicamente se comemorava o Dia Nacional do Idoso, Walter Alfaiate morreu aos 79 anos. Ele estava internado há dois meses e lutava contra um enfisema pulmonar e ineficiência cardíaca. Assim como ele, outros grandes sambistas vão partindo como quase anônimos diante da sociedade.

A falta de apoio dos governos à cultura popular e a total falta de compromisso das grandes empresas fonográficas fazem com que esses artistas tenham de viver com muitas dificuldades até o fim da vida. Foi assim com Alfaite, Luis Carlos da Vila, Camunguelo e tantos outros que encantaram cada roda de samba, que passaram e que deixam para sempre um rastro de saudades. Esses talentos citados estiveram presentes em vários eventos do DCE da UFRJ, da Conlutas e no Congresso Nacional dos Estudantes do qual tivemos a honra de cantar com Walter Alfaiate.

http://www.youtube.com/watch?v=AzjPm0KbmkU

domingo, 21 de março de 2010

Expressão cultural

Tendo em vista 2020,
no CONSUNI, a deliberação.
Plano diretor de toda a UFRJ,
ou só do campus de concentração?

O Palácio Universitário,
tombado e tombando,
padece com a nossa omissão...
Será usado como centro de convenções,
ou para ensino, pesquisa e extensão?

A Praia Vermelha não tem direito
à nenhum plano de expansão.
Para viabilizar nossa ida,
nossa permanência inviabilizarão.

O Samba das quintas morreu...
Arena? Laguinho? Não se usa mais não...
Evento cultural aqui por perto?
Talvez ali no canecão.

Mas a cultura não respeita deliberação.
Existe para a luta, e luta para existir.
A poesia é meio de comunicação,
Samba, instrumento de resistência,
cinema, de ocupação.
A Juquinhada dissemina a causa.
As fotos registram tudo, uma bela exposição!
O palco não é lugar para o teatro?
A platéia não é nosso lugar então.